LIVROS | LIVRO, JOSÉ LUÍS PEIXOTO

 
A minha primeira leitura de JLP, "Livro", por razão nenhuma particular. Porque nunca tinha lido nada do autor, apesar de já ter tido alguns por perto. Porque era um livro que estava na biblioteca escolar onde trabalho, mesmo ali na estante a sobressair e a olhar para mim.

Pela capa e pelo título, nunca iria pegar nele. Julguem-me, é verdade, eu não consigo não julgar e acho mesmo que esta edição que tenho é feia e triste, pela parte da capa e do título escolhido. Quanto à imagem da capa, fico sem perceber, é feia ponto. Mas há uma razão para este título do livro, Livro. Já vamos a ela.

Livro está dividido em 2 grandes partes. A primeira inicia em 1948 e termina quando o Livro nasce. E a segunda parte, as últimas 60 páginas, é a vida do Livro, do nascimento até aos seus 36 anos de idade, como várias vezes faz questão de referir. Suspeito que esta seja a idade de JLP na altura que escreveu Livro. De resto, nesta segunda parte de Livro, é difícil separar a narrativa do autor do próprio autor, o que pode parecer meio infantil ou egocêntrico, mas acima de tudo achei humorístico. É um pedaço de frescura, mais leve, que alivia o tom mais sério da história.

A história anda à volta do tema da emigração para França, pré revolução de abril em Portugal, fala-nos de Adelaide e de Idílio e de um preâmbulo de uma relação romântico dos dois, quase imaginada, pois pouco contacto próximo tiveram, ainda na aldeia. A narrativa prende-nos quando, para fugir ao casamento desejado, a tia de Adelaide a faz desaparecer, acabando às mãos de estranhos, numa viagem dura e clandestina até França. Idílio abandona para a encontrar, e fá-lo na companhia de um amigo, importante ao longo da história, o Cosme.

Claro que queremos saber, encontraram-se? ficaram juntos? casaram e tiveram filhos? ... Somos perseguidores natos do romance e tal e tal. Mas não é isso que se trata aqui.

Não avanço muito mais, para não estragar a curiosidade que se adensa com a partida dos dois amantes para França.

Nota final, é um livro bom, envolve, está muito muito bem escrito e isso surpreendeu-me e apreciei muito (não tinha grandes expectativas na verdade). A segunda parte  reserva a identidade do Livro, que de uma forma circular, o autor desenrola, conversando diretamente com o leitor, mas sem estragar todo o universo imaginário e misterioso à volta de o Livro, que persiste após a última página.



classificação: 7/10
até breve ~


 

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