DISCOS | Year by year: 2000

Listas, listas, listinhas.
  
Já tinha passado os rascunhos mentais para o bloco bege, que está agora no fim. 
Tenho adiado, mas finalmente, assumidamente melómana, quis continuar esta série de listas, que começou com os anos 90, aqui, há 2 meses.

Pensei se devia agrupar ou fazer ano a ano, mas já que demorei tanto tempo a retomar, resolvi dedicar mais tempo e cuidado a estas memórias e críticas musicais e vou então fazer ano a ano: agora a partir de 2000 até ao ano de hoje - é isso, vinte listinhas, com memórias aos discos associadas e as minhas opiniões sobre estes. Tal como com os livros, as nossas ligações à música são também sempre muito pessoais, por isso a minha crítica não é nada neutra, apenas me focarei nos que foram/são os álbuns da minha vida. 
Levo tão a sério a  minha relação com a música que acabei de pensei agora que é como a amizade, são amizades múltiplas. Não propriamente com os músicos (repudia-me a coisa de "fã" de alguém), vejo os artistas (apenas) como o veículo, mas as criações em si, as músicas sim são como as pessoas, relaciono-me intimamente com elas. 

Portanto, trago-vos agora os meus melhores amigos que nasceram em 2000 (que conheci após nascimento)

Coldplay - Parachutes
Radiohead- Kid A
Linkin Park - Hybrid Theory

Estranho juntar estes nomes, que parece que nada combinam - e não! Se bem que, para aprofundar este post, depois de ouvir com cuidado Kid A e Parachutes (pela primeira vez os ouvi no mesmo dia) apercebi-me de semelhanças que nunca tinha reparado, até porque conheci e colei-me a ouvir estes 3 álbuns em alturas muito diferentes da minha vida, e tenho por eles sentimentos e memórias muito particulares e completamente distintas. 



Começo por Parachutes, acho que foi a minha primeira amizade2000. Este álbum vem de arrasto com o seguinte dos Coldplay, descobri-os simultaneamente, quando os Coldplay já tinham alguma carreira, lá para 2004. Depois do Viva la Viva (agridoce) deixei de me identificar e acompanhar a banda. 
Mas ainda hoje adoro este álbum e por isso revejo-o algumas vezes no presente - continuo a construir memórias com ele, por exemplo, durante a quarentena, um dos almoços que eu e o Francisco fizemos na nossa varanda foi a ouvir e a cantar este álbum. Ele também gosta muito e até foi iniciativa dele. Sim, e é muito cantável, as letras parece que estão sempre lá na memória, parecem automáticas e inconscientes, damos por nós a canta-las, sem saber bem como. 
Para além desta memória atual, remete-me automaticamente para o tempo da secundária, para a Catarina (não sei, mas acho que até foi ela que me deu melhor a conhecer), a minha amiga e vizinha que também os adorava e a quem emprestei uma das minha gravações. Remete-me para os tempos mortos de almoço, no polivalente, para a tristeza que sentia, para uma solidão esquisita, um sofrer estranho para o qual não encontro significado agora. E no meio disto, Parachutes fazia-me sentir bem, feliz, punha-me a cantar e a sorrir por dentro. Trazia um brilho quente que crescia dentro. Pensando bem, foi um pequeno pára-quedas para mim na altura.


Dissociar um só álbum de Radiohead de toda a obra é muuuuuuito difícil - é como um coletivo, ouve-se tudo, sem grande linhas cronológicas, sem grande noção às vezes se é do Kid A ou do Ok Computer (isto para mim, sei que para os fãs aficionados dizer isto é uma ofensa e para os críticos especialistas ainda mais ahahah) 
Já falei do OK Computer, no post dos discos dos 90s. Posso dizer que Radiohead, contrariando a premissa inicial, é uma amizade sim, e toda a obra são várias facetas dessa amizade. Não me recordo bem do meu início com Radiohead, não seguiu a linha cronológica pela certa. Sei que apaixonei já nos últimos anos do secundário, por influência de outros amigos que também colaram. Lembro-me que quando saiu a saga Twilight foi um boom enorme, que já foi mais tarde, com o álbum de 2007 (haviam 1 ou 2 faixas na banda sonora do filme). Tenho a ideia de ter voltado a colar muito mais nessa altura. 
Kid A começa com uma das minhas músicas favoritas deles Everything in its righ place (é difícil eleger a melhor). Esta e também How to Disappear Completely são tão bonitas como tristes e por algum motivo, são para mim os genes principais para uma boa amizade, amizade que suporta e faz crescer. (Calma que também vão ouvir falar das amizades coloridas, alegria, dança, loucura, diversão, liberdade... não é tudo melancólico). Adoro a música Idioteque, altamente viciante, e a Optimistic é outra canção que destaco e que é realmente mais otimista, tem um tom mais vivo, mais desperto. Nesta faixa mas também ao longo do álbum, na canção cantada, consigo encontrar semelhanças com Chris Martin e  Parachutes: nas palavras duras, nas emoções rasgadas, nos falsetes...
Acho que uma boa forma de descrever Kid A é dizer que é a união inesperadamente bela entre o lado mais humano, o humanismo e a sintetização.


Linkin Park, mais concretamente os dois primeiros álbuns, estão muito bem delimitados na minha memória. Eu não ligava nada até os ver ao vivo no Rock in Rio de 2008. Foi um pouco sem querer, porque na altura o meu interesse eram outras bandas. Na altura conhecia os hits, claro, diverti-me imenso, nunca pensei adorar tanto este concerto! A partir daí, colei-me imenso imenso. As minhas memórias deste álbum são a raiva, a revolta e frustração. Lembro-me de estar muito zangada com a minha mãe, a passar roupa a ferro, e estar a ouvir este álbum no mp3. Ao contrário dos álbuns acima, Hybrid Theory não é um álbum que revisite atualmente, não sinto necessidade nem o prazer que sentia (mas tenho a certeza que se tocasse a primeira, teria que ouvir tudo até ao fim!) 
Foi definitivamente um dos álbuns mais importantes do meu desenvolvimento, uma relação de amizade pesada mas não por isso menos importante e bonita. 


até breve, vemo-nos em 2001


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