LIVROS | Fragmentos
Tenho estado a ler um livro de ciência - sobre os sonhos - mas, como me faz falta a ficção, comecei hoje a reler um livro do Afonso Cruz. Para onde vão os guarda-chuvas foi um livro que li no início de 2019 e que confirmou a minha paixão pelo autor. Como recentemente uma amiga o leu e conversamos sobre isso, apercebi-me que não me lembrava da história e percebi que tinha que o reler muito em breve.
Achei interessante algumas curiosidades, de ambos os livros, que coincidentemente se tocam :)
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Oráculo da noite (Sidarta Ribeiro)
em O sonho ancestral: Poleiro das Almas
"(...) a etnógrafa Mary Kingsley (1862-1900) reportou que os Fang da África Central acreditavam que cada pessoa tinha quatro almas diferentes:
- a que existirá depois da morte;
- a sombra do corpo;
- a que habita um animal selvagem;
- e a que se aventura fora do corpo todas as noites, viajando pelos sonhos e encontrando outros espíritos. "
Quão interessante é esta crença que uma das nossas (quatro) almas habita os nossos sonhos, onde se encontra com outras. Por acaso tenho tido sonhos muito peculiares, com pessoas e em situações que nunca imaginaria /"sonharia", que não desejo (concretamente, nesse sonhos estava envolvida com uma pessoa (um conhecido) e depois com outra que substitui a primeira (um amigo). Acordei a pensar no porquê destas misturada mirabolante de relações "amorosas", com pessoas do "passado".. O que me fez pensar ainda mais nesta interpretação, das almas, diferentes almas dentro de nós, quase como se tivessem "vida", vontades próprias? Seria/será?
Mary Kingsley Was A Fearless Victorian Lady Explorer, in passport-collector.com |
Para onde vão os guarda-chuvas? (Afonso Cruz)
" (...) Esse pedinte chamava-se Tal Azizi e acreditava que os homens têm duas almas (...) Uma que está dentro do corpo e outra que está dentro do céu, como um pensamento está dentro do cérebro, como o verbo sentar está dentro das cadeiras."
Este pedinte, explica Fazal Elahi, nas palavras de Afonso Cruz, tinha um pássaro mágico que voava para dentro das pessoas e quando voltava ao dono, ao pedinte, cantava-lhe uma melodia/verso que era a tradução de cada alma que o pássaro visitara.
Estas referências às almas e a pássaros fizeram-me também recordar a linda história israelita, da Michal Snunit (não pode ser coincidência, uma história que acontece no médio oriente e nos fala do Islão, pois não Afonsinho?)
Pássaro da Alma (Michal Snunit)
No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse, mas todos sabem que existe
(...)
Dentro da Alma
Lá bem no centro
pousado numa pata
Está um pássaro.
E o nome desse Pássaro
é Pássaro da Alma.
Até breve~
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