DISCOS | What kinda Music (Tom Misch & Yussef Dayes)
Apesar de já ter inaugurado a rubrica de discos, com um throwback pelos anos 90, ainda não tinha vindo com nada fresco, deste ano.
No passado dia 24 de abril foi finalmente lançado o álbum What Kinda Music, assinado por Tom Misch e Yussef Days (duas lendas, uma na guitarra e produções perfeitas e outra na bateria, respetivamente - se não conhecem fica já aqui o mote para irem descobrir este dois nomes). Confesso que tenho uma proeminente paixão em particular pelo Tom Misch e acompanho o trabalho dele desde 2017.
O Tom já andava há umas boas semanas/meses a lançar grandes teasers deste álbum, criou um suspense tremendo e estava ansiosa por ouvir a compilação final.
Os primeiros singles que lançaram foi "What Kinda Music", homónimo do disco e o "Lift Off", se não estou em erro. Uns dias antes do WKM sair, partilharam o videoclip de "Nighrider", um vídeo com os artistas envolvidos (os dois mais o Freddie Gibbs) em desenho ilustrado, digital, num passeio de carro infinito. Muito "verão" (:
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Portanteeeeeees, já tinha havido aqui, pelas internetss, um bom appetizer deste álbum!
Então, vamos à opinião final deste disco: 12 músicas, 45 minutos.
Alinhamento / Canção por canção:
What Kinda Music
Um dos singles e uma escolha acertada para o início da viagem. Começa com alguns batuques que parece que nos chamam, antes de o Tom falar. É um canção muito certinha, sintetizada q.b., saborosa. Gosto particularmente da junção da voz "uivada" (mas delicada) no refrão, com o eco do violino. Abre uma vontade imensa para ouvir o resto!
Festival
Posso afirmar, à data atual, que é a minha música favorita do álbum. É uma canção muito delicada, diria melancólica, que me remeteu imenso para a sonoridade dos Radiohead (acho que talvez a sonoridade do Hail to the Thief , digam-me se concordam, fãs de RH!); contudo não tão triste. É uma música que me fez navegar e que me parece um chamamento, uma ode a algo, algo de esperança...
(nota: não tive atenta às letras de nenhuma canção)
Nightrider
É talvez a canção mais "good vibe", que sabe bem, é leve, de alguma forma sensual e quente - uma representação que, inevitavelmente, nos é trazida em primeira mão pelo videoclip (a visão acaba por afunilar/limitar muito a perceção, sentimentos que se tem, comparando quando apenas sentimos uma canção com a audição). É uma canção para estar constantemente a abanar a cabeça (mesmo como é representado no vídeo, não dá mesmo para não o fazer, é incrível!). Tem também a participação de um rapper, que acresce positivamente ao "feeling" desta canção.
Tidal Wave
Este track remeteu-me exatamente aos 30 segundos para o som de Khruangbin. É uma música calminha, em que se escutam bem as palavras cantadas pelo Tom. O refrão fica-nos a ecoar... "Chaooos..."
Sensational
Esta é talvez mais um appetizer, uma faixa com 1:25 só instrumental que talvez divida o álbum em dois capítulos - muito provavelmente um improviso (como aliás, nasceram outras canções deste álbum)
The Real
O início da música é muito engraçado e saboroso, com um sample de uma voz anónima feminina, aguda , a lembrar os anos 80, que depois se vai repetindo ao longo da faixa*. Não é uma música que me encante particularmente.
Ligt Off
É a faixa mais longa do álbum. Por isso, também não é surpresa que esta seja uma das composições que é uma improvisação/nasceu de uma. Ao contrário de outras improvisações, que podem ser geniais, mas muitas vezes pecam por não saberem quando terminar (tão importante), esta não é curta nem longa demais! É absolutamente maravilhosa, pela arte do Tom na Fender dele, pelo baixo, pela bateria. Acho que é a minha composição de instrumentos preferida do álbum, com acordes que se repetem mais ou menos iguais, que ficam na cabeça, mas com aquele bocadinho de inesperado do improviso, que, quando bem feito, é tão bom! É difícil descrever uma música (seja boa ou má), só dá mesmo para sentir.
I Did It For You
Esta é a faixa mais "Misch" do álbum, se a ouvisse sem saber, diria que era de um álbum seu a solo. É alegre, mexida, faz abanar, é funky e tem aquele"dançavel", um pouquinho 80's também! Quem conhece o som, a composição, arranjos do Tom vai identificar logo "isto" que falo, este cunho de identidade inconfundível.
Last 100
Esta faixa faz-me tanto lembrar outra música - já dei voltas à cabeça, mas não cheguei lá! É muito dancing, muito alegre, dá vontade de cantar para/com alguém. O piano e as vozes em eco, "uivadas" é aquilo que destaco nesta faixa que a torna tão agradável.
Kyiv
É uma canção instrumental. Um dos auges da união guitarra+bateria deste álbum, destes dois geniozinhos.
Julie Mangos
Começam a falar de mangas nesta canção, ahaha. Há uma distorção na guitarra acentuada no início e um baixo proeminente e depois a música parece que "vira", sempre intercalada com pedaços de conversas do Misch com mais alguém (não percebi se era o Dayes**). Depois a música "vira" de novo e parece outra. Bem, é uma das músicas mais divertidas do álbum!
Storm Before The Calm
É um final de álbum perfeito! Saxo lindo. Só tenho isto a dizer.Lindo.
Boss Hunting |
Conclusão:
Não é um álbum que apeteça ouvir sempre, aliás, como toda a música que é improvisada ou nasça de improvisação, que na minha opinião é mais exigente mentalmente. Este álbum afasta-se mais do pop que o Tom nos habituou e aproxima-se muito mais do jazz. Mas atenção: para os não amantes de jazz (eu não sou a maior fã de jazz) este jazz talvez seja, na minha opinião, uma nova versão do que se pode vir a fazer com a música jazz contemporânea, por isso não o incluiria na mesma categoria e daria uma nova oportunidade, vão por mim :D
Dica: a primeira vez que ouvirem o álbum, façam-nos exclusivamente, sem fazer mais nada ao mesmo tempo a não ser escutá-lo.
Classificação: 7,5/ 10
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Depois de escrever a minha opinião, fui espreitar por curiosidade algumas entrevistas, podem espreitar aqui:
*percebi aqui que a voz é da Aretha Franklin (:
**percebi também que é a voz do pai do Misch ao telefone ahah
**percebi também que é a voz do pai do Misch ao telefone ahah
Até breve, melómanos ~
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