Ela sabe mais de ti do que imaginas. Atenta a todos os pequenos detalhes, míseros para quem os veste todos os dias, ela sublima-os com o marcador fluorescente. Recortando o importante, aponta cada letra de memória no seu pequeno jornal. Nada lhe escapa, como um bom repórter, ela sabe o que guardar e como o usar, em qualquer tipo de circunstância. É por isso que te admiras tanto, da maneira como ela fala para ti, da maneira como ela canta para ti, da maneira como ela desenha-te a ti.
É tudo tão interessante e maravilhoso, aos olhos vistos de quem nada tem a subscrever da vossa vida, aos olhos de quem passa e sabe o pouco da recente história, aos olhos de quem o ciúme vigora e mata com papel chamuscado e rasgado.
Ela sabe mais de ti do que tu propriamente conheces. Juntando todas as peças, ela instala-se na pequena secretária, aconchegada com o chá de tília e menta, e procura desvendar o mistério por baixo dos versos transcritos. Substimas as pequenas estrelas que fazem parte do teu céu mas ela não! Ela cuida delas como se do próprio céu estivesse eu a falar! E porquê? Porque cada estrela é uma parte de ti, como se fossem milhares de células que compõe o músculo que a faz bater de prazer.
E entre os lençóis da vossa cama, ela concluí a pesquisa. Já nada mais a faz correr por entre os caminhos do teu corpo, já nada a mais faz gritar de dor por todos os sons excitados que gemeste ao longo do destino, e, sobretudo, já nada a faz manter acessa, o calor que sempre a afou, não passa mais de uma estrela de neutrões, cada vez a perder mais energia...